Boa Vista — Em Roraima, política e economia seguem profundamente interligadas. Num estado com forte dependência de recursos federais e desafios sociais específicos, cada decisão política tem impacto direto na vida econômica da população.
Atualmente, cerca de 70% das receitas do estado vêm de transferências da União, como o Fundo de Participação dos Estados (FPE), segundo a Secretaria da Fazenda. Isso torna o governo estadual vulnerável a mudanças de rumo em Brasília. Qualquer ajuste na política fiscal federal pode afetar investimentos locais e a capacidade do estado em manter serviços essenciais.
Outro fator que pesa na economia é a imigração de venezuelanos. A crise no país vizinho intensificou o fluxo de estrangeiros para Roraima, o que, por um lado, aqueceu setores como comércio e serviços, mas também pressionou áreas como saúde, segurança e educação, exigindo respostas rápidas dos governos estadual e federal.

As questões fundiárias e ambientais também influenciam diretamente atividades econômicas como a agropecuária. Discussões sobre a regularização de terras e os direitos indígenas, muitas vezes travadas no Congresso Federal, Estadual e nos tribunais, criam insegurança jurídica que afasta potenciais investidores e dificulta a expansão do setor produtivo.

Nos últimos anos, o governo estadual tem buscado alternativas para reduzir a dependência dos repasses federais, com destaque para investimentos em mineração e energia. As obras do Linhão de Tucuruí, que vai interligar Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), estão em andamento e têm conclusão prevista para dezembro de 2025, segundo o Governo de Roraima. A expectativa é que, com a conclusão, o estado reduza sua dependência de termoelétricas e diminua os custos de produção para as indústrias locais.
Para o economista Sérgio Oliveira, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), o equilíbrio político é essencial para o desenvolvimento econômico do estado. “Previsibilidade nas regras e um bom ambiente institucional são fundamentais para atrair investimentos de longo prazo”, afirma.
Além disso, o funcionalismo público segue como um dos principais motores da economia estadual. Salários, concursos e planos de carreira, definidos no campo político, têm impacto direto no consumo das famílias e na movimentação do comércio local.

Com tantos fatores interligados, a economia de Roraima continua sensível às decisões políticas, exigindo atenção redobrada de empresários, trabalhadores e da população em geral.