
O curta-metragem Entre as Nuvens, dirigido pelo cineasta roraimense Alex Pizano, terá sua primeira exibição pública no próximo dia 14 de junho, sábado, às 20h, na sala Teatro Escola do Teatro Municipal de Boa Vista. A avant-première marca a estreia oficial da obra, com entrada gratuita e aberta ao público.
Com roteiro e direção assinados por Pizano, o filme mescla suspense e ficção científica, abordando também aspectos geográficos e culturais das comunidades indígenas de Roraima. Na trama, os amigos Davi e Marcus observam algo misterioso pairando entre as nuvens durante uma brincadeira no lavrado. A curiosidade os leva a uma revelação que conecta suas famílias a segredos do passado.
“O filme nasceu da necessidade de contar uma história de fundo fantástico e místico envolvendo nossa região, e mais importante, pelo ponto de vista das comunidades indígenas”, explica o diretor.
Gravado em dezembro de 2024 na Comunidade Indígena de Campo Alegre, o filme foi realizado com forte participação da própria comunidade — não só no elenco principal e de apoio, mas também em áreas técnicas. “A experiência foi maravilhosa. Fizemos chamada de elenco e muitos talentos locais apareceram, tanto para atuar quanto para integrar a equipe. Foi uma parceria que deu muito certo”, conta Pizano.
A produção é da Biosphere Records Audiovisual e teve apoio da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista (Fetec), por meio do Edital de Chamada Pública nº 006/2023. O projeto foi viabilizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, considerada fundamental para que o projeto saísse do papel. “Essa lei foi essencial. Sem ela, Entre as Nuvens não existiria. Assim como a Lei Aldir Blanc, ela tem ajudado muitos artistas locais a concretizarem suas obras”, afirma.
Cinéfilo assumido, Pizano revela que a escolha pelos gêneros suspense e ficção científica está ligada à liberdade criativa que proporcionam. “A ficção permite imaginar o que não veríamos no mundo real, e o suspense cria tensão mesmo dentro das histórias mais cotidianas”, explica. Entre suas referências, ele cita Contatos Imediatos do Terceiro Grau, de Steven Spielberg, e Não! Não Olhe!, de Jordan Peele. “Nosso curta tem um pouco dessa atmosfera misteriosa, de campo aberto, onde o céu guarda segredos.”

A trilha sonora original é de Cláudio Lavôr, que também atua como produtor executivo, diretor de fotografia e responsável pela edição e mixagem de som. A ficha técnica inclui Débora Luany (maquiagem e continuidade), Lizaura de Melo Lopes (figurino), Marcílio Curicaca (direção de arte e produção local), Gideon Serique (efeitos visuais) e Michel Nascimento (som direto e grip).
Para Pizano, Entre as Nuvens é mais um passo na consolidação do cinema roraimense, que vem se fortalecendo nos últimos anos. “O número de produções locais só cresce. Roraima está mostrando a que veio, mesmo com o apoio às produções ainda sendo limitado. Há muito talento aqui”, diz.
O cineasta tem uma carreira iniciada em 2007, com filmes como Dívida Sangrenta, Remanescente das Sombras, Palasito e Ventos do Verão — este último premiado no Brasil e na Europa. Seu próximo passo, segundo ele, será um longa-metragem de época, também viabilizado pela Lei Paulo Gustavo.
Sobre a estreia, Pizano está otimista. “As expectativas são as melhores. É sempre uma alegria e sensação de missão cumprida quando finalizamos mais um filme. Espero que o público aprecie esta nova obra feita com muito amor ao cinema.”
O diretor também deixou um recado aos jovens que sonham em seguir carreira no audiovisual: “O cinema é uma casa de portas abertas. Se você tem uma história para contar, acredite nela e apenas faça acontecer. Não existe receita pronta. Existem muitas formas de se fazer cinema. O importante é começar.”
A exibição de Entre as Nuvens acontece no dia 14 de junho, às 20h, no Teatro Municipal de Boa Vista, com entrada franca. O trailer oficial está disponível no YouTube (clique aqui) e mais informações podem ser acompanhadas pelo perfil oficial no Instagram: @nuvens.filme.