Roraima amanhece mais uma vez no centro de discussões relevantes, não apenas por ser palco de disputas políticas ou estatísticas de saúde pública, mas porque está cada vez mais presente no debate nacional como uma unidade viva, que pulsa, reage e propõe.
Os números recém-divulgados sobre a redução de 45% nos casos de malária no primeiro trimestre são um respiro bem-vindo. Num estado historicamente castigado por doenças negligenciadas, essa queda não é mero dado técnico — é prova de que, quando há política pública com continuidade e compromisso técnico, os resultados aparecem. É também mérito das equipes que atuam nos territórios mais esquecidos, onde o acesso ainda é desafio e o reconhecimento, escasso.
Ao mesmo tempo, o estado se prepara para uma mobilização popular pelo Dia do Trabalhador. Ato simbólico? Também. Mas, sobretudo, um chamado para que se ouça a base da pirâmide: o trabalhador que vive o 6×1, que enfrenta calor extremo e insegurança, e que quer, mais do que nunca, voz. Quando os sindicatos voltam às ruas com pautas consistentes, é sinal de que a democracia social ainda pulsa — e o Roraima Press estará atento ao que se diz nas calçadas, não só nos palanques.
No campo político, o clima é de espera tensa. O governador Antônio Denarium segue pendurado em processos que já somam quatro cassações e, embora o julgamento definitivo tenha sido adiado para 2025, os reflexos já reverberam.
Seu afastamento da ala bolsonarista é sintoma de um isolamento estratégico que pode comprometer sua base — ou libertá-lo dela. Cabe ao eleitor e à classe política local entender: estabilidade institucional não combina com indefinição crônica.
Por fim, entre uma crise e outra, emerge uma pauta que merece destaque: a valorização da mulher cientista.
A prorrogação do Prêmio Mulher na Ciência, promovido pela UERR, é mais do que uma iniciativa acadêmica — é um recado. Há mulheres em Roraima produzindo conhecimento de excelência, ainda que longe dos holofotes. Cabe à imprensa local reconhecer, amplificar e dar protagonismo a essas vozes.
Neste 29 de abril, Roraima não é só objeto de notícia. É sujeito. É cenário, mas também ator. E o papel da imprensa — o nosso papel — é justamente esse: recusar a narrativa do coadjuvante e mostrar ao Brasil que o Norte tem voz própria, tem pauta, tem projeto.